sábado, 9 de abril de 2011

Agenda 21 Escolar

A Agenda 21 pode ser a palavra mágica que abre os horizontes do envolvimento entre comunidade, governo e entidades em busca de um presente sustentável sem prejudicar o ambiente em que vivemos. A economia tímida provoca problemas sociais; a economia agressiva, também. Tais problemas exigem solução: um crescimento sustentável. Isso quer dizer que o crescimento não pode prejudicar o essencial à sobrevivência digna: saneamento, qualidade de ar, de água, de ambiente saudável. Tais atributos são sinônimos de vida e de qualidade de vida.
Mas, apesar de aparentemente prática (e na realidade o é), ainda não se vislumbram quaisquer resultados objetivos da Agenda 21 aplicados ao cotidiano. As agendas nacional e estaduais têm sido ruminadas, mas não digeridas, transformadas em práticas cotidianas. As municipais, na maioria, não adotadas ou abandonadas ao sabor de filosofias administrativas diversificadas e desinteressadas.
Surge daí o impasse: a despeito de ser de absoluta necessidade, a agenda esbarra em burocracias, em conceitos errôneos, em idiossincrasias, em falta de empenho e na ignorância; na ganância voraz do capitalismo e na miséria econômica e intelectual daqueles de quem tudo se extraiu, até a própria dignidade.
Impõe-se por isso que o conceito de Agenda 21 torne a brotar; que haja um renovo, mas não imposto pelos altos e mesmos poderes que massacram os indivíduos e sim um nascimento a partir dos próprios indivíduos, da base. Como a base da consciência do indivíduo e a formação cidadã têm início nas escolas, é importante que se procure reviver o conceito da agenda a partir desses núcleos. Crescer das raízes para os ramos mais altos. Por isso é importante a Agenda 21 no ambiente escolar, extravasando seus muros e envolvendo a sociedade que os contorna. Como? Com a simplicidade que é peculiar à idéia tronco: iniciar os primeiros passos em direção àquele horizonte que nos atrai e nos reclama.
A Agenda 21 não tem uma fórmula pronta. Ela vai se construindo à medida que as ações vão sendo adotadas. Além disso, tem limites flexíveis e um campo de atuação quase infinito. A proposta de uma Agenda 21 Escolar parte do princípio de elaboração dentro da comodidade e dos moldes de capacidade tanto da escola que a abrigar, como da comunidade à sua volta.
Pretende-se que o movimento seja uma união das pequenas ações entre grupos diversificados, visando melhoria social, ambiental e econômica dentro de ação de maior alcance e, por isso, de maior eficácia. Vale a pena conhecer melhor essa idéia. E, mais ainda, vale a pena juntar-se a ela, como voluntário, como parceiro, como colaborador. Lembre-se que a soma de muitas forças criará um movimento de grande amplitude e de muita utilidade. Procure um estabelecimento de ensino que esteja participando do projeto e engaje-se nesta luta. A vitória será comum a todos.


TEXTO DE:Francisco A. Romanelli é ecologista e educador. Presidente da Associação Ecológica Vertente e Vice-Presidente da Associação de Proteção Ambiental de Varginha (MG) e Região.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Porque escolhi ser BIÓLOGA

Escolhi ser Bióloga porque desde pequena tenho algo inquieto dentro de mim, algo que me instiga a querer conhecer e compreender o que há de mais perfeito nesse mundo: o fenômeno chamado VIDA…



Porque é simplesmente incrível a sintonia com que cada pecinha, cada molécula, cada célula está organizada para que a vida aconteça tal como nós a conhecemos e…



Porque também muito incrível é a maneira com que cada forma de vida, já organizada em sua natureza individual com tamanha perfeição se relaciona com as outras, formando um outro nível de sintonia tão perfeito quanto o primeiro…



Escolhi ser bióloga porque não há nada mais lindo que poder ver de perto toda essa perfeição e saber que faço parte dela: tudo isso se realiza em mim também!



Escolhi ser bióloga porque há muito tempo vejo que, apesar de tão perfeita, a vida é frágil e que os atos de uma de suas formas estão contribuindo para que ela deixe de existir…



Porque penso que alguém deve fazer alguma coisa para que isso não aconteça, alguém deve agir em favor da vida e para tanto, nada melhor do que conhecê-la e compreendê-la…



Escolhi ser bióloga por todos esses motivos e por outros incontáveis, alguns que ainda estou descobrindo, outros que com certeza ainda vou descobrir: penetrar nesse universo é iniciar um caminho infinito onde cada passo é uma descoberta e cada conclusão que se chega é apenas o começo de uma nova indagação!



Sejam bem vindos todos aqueles que também são essas criaturas inquietas e desejam fazer parte desse universo chamado BIOLOGIA!!!

Petróleo nosso ouro negro?


É possível viver sem petróleo?
Diante da escassez anunciada, dos preços em alta e do aquecimento global, o mundo se prepara para reduzir o uso de uma de suas principais fontes de energia, o petróleo. Produtoras e distribuidoras investem em alternativas. Montadoras testam novas tecnologias para mover carros e caminhões. Mas a tarefa é difícil. Da gélida Sibéria ao tórrido deserto do Saara, não há quem dispense o uso do petróleo. A redução influenciaria a quantidade e o tipo dos bens produzidos na economia mundial – e não se está falando apenas de energia e transporte.
Formado por uma mistura de compostos, o petróleo é matéria-prima essencial nas indústrias de tintas, ceras, vernizes, resinas, extração de óleos e gorduras vegetais, pneus, borrachas, fósforos, fertilizantes e alimentos. A partir de seu refino são extraídos, entre outros, gasolina, diesel, querosene, óleo combustível, lubrificante e parafina. Além disso, as perfurações em busca de petróleo geram também o gás de cozinha, encontrado nos poços de petróleo. Assim, não é à toa que ele tenha sido apelidado de “ouro negro”: o petróleo está presente em uma infinidade de produtos.
Dados fornecidos pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) mostram que o petróleo ocupa uma posição de destaque na matriz energética brasileira, com 37% da oferta de energia primária. Apesar disso, o País começa a fazer sua lição de casa e aprende a depender um pouco menos desse tipo de combustível. É o que ocorre, por exemplo, em Betim, município mineiro conhecido como pólo da indústria automobilística e petroquímica. A cidade é modelo nacional no uso de energias limpas. Betim também participa da campanha internacional denominada Cidades pela Proteção do Clima, destinada a incentivar políticas com medidas quantificáveis para a redução de emissões locais de gases de efeito estufa como forma de melhorar a qualidade do ar e da vida.
Significa que a cidade não apenas utiliza fontes alternativas de energia, mas também se preocupa em racionalizar o uso dos combustíveis fósseis e da eletricidade. Lâmpadas a vapor de sódio, mais eficientes e econômicas, substituem as de mercúrio na iluminação pública. Leis municipais obrigam o uso de veículos oficiais do tipo flex (gasolina e álcool) e a frota de ônibus é movida a biodiesel, que contém um percentual de 2% de fonte energética renovável.

O petróleo vai acabar? - O esforço para limitar o uso de combustíveis fósseis é limitado e a dependência traz a interrogação: será verdade que, diante do aumento da população e das novas necessidades econômicas, chegará um dia em que o petróleo vai acabar? No ritmo atual de consumo, as reservas mundiais já descobertas devem durar apenas mais 75 anos – menos de um século, garantem os especialistas mais otimistas. Os pessimistas falam em algo como 35 anos. A procura pelo “ouro negro” é maior do que a descoberta de novas reservas. E o alto preço do barril que, na virada de 2008, alcançou o recorde de US$ 100, não interfere nesse cálculo. Mas certamente acelera a busca por alternativas, sobretudo quando o preço sobe em função dos conflitos em áreas explosivas do planeta, como é o caso do Oriente Médio.
Seja como for, o petróleo nunca vai acabar: deixaremos de usá-lo em grande quantidade antes que isso aconteça”, profetiza Roberto Schaffer, pesquisador da Coppe, instituição de pesquisa da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Na opinião de Schaffer, fontes mais limpas, à medida que se tornam mais baratas e eficientes, tomarão o lugar do petróleo, nas utilizações em que ele causa aumento de emissões de gases de efeito estufa como combustível de automóveis e fonte primária de energia. Mas esse recurso encontrará novos espaços, sendo utilizado de forma mais nobre por meio do refino. “Em vez de ser queimado com emissões para a atmosfera, gerará matéria-prima para novos produtos industrializados, onde o carbono fica aprisionado”, explica o pesquisador.
“Após séculos de dependência, seria ilusório imaginar que podemos viver totalmente sem petróleo”, acrescenta Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), das Nações Unidas.
Fugindo da gasolina - Outro grande desafio são os atuais 950 milhões de veículos, que respondem por cerca de 10% das emissões globais de dióxido de carbono – o principal gás causador do efeito estufa. Nesse ponto, o Brasil leva vantagem. O relatório dos cientistas do IPCC, responsável pelos dados mais atualizados sobre o aquecimento global, propõe que os biocombustíveis substituam entre 5% e 10% da gasolina consumida no mundo até 2030. Atualmente, essas fontes renováveis representam apenas 1% da energia utilizada no transporte.
Em um prazo de duas décadas, acredita-se que o Brasil poderá ter capacidade de produzir etanol suficiente para o mundo atingir as metas do IPCC. Traduzindo: evitar a queima de 1,7 trilhão de litros de combustíveis não-renováveis por ano em todo o planeta, de acordo com o estudo do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Estratégico (Nipe), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Essa capacidade é importante, embora a febre do etanol implique em questões sociais fundamentais, como as condições de trabalho dos cortadores de cana e a ocupação de áreas propícias ao cultivo de alimentos. Enquanto os Estados Unidos estipulam metas para substituir, até 2020, um sexto da gasolina por álcool, em território brasileiro, esse combustível mais limpo representa 40% do consumo. E 80% dos novos carros já saem da fábrica com tecnologia flexível, podendo utilizar álcool ou gasolina.
Isso significa que o etanol poderá vir a substituir totalmente a gasolina nesse intervalo de tempo? Bem, não necessariamente. O petróleo é tão importante na civilização moderna que, curiosamente, dependemos dele até mesmo para produzir combustível renovável. “Para 100 litros de etanol, são utilizados 7,1 litros de petróleo, necessários na produção, por exemplo, dos adubos nitrogenados e herbicidas para o cultivo da cana, da gasolina dos tratores, do diesel dos caminhões e do óleo das máquinas e outros equipamentos das usinas”, afirma o pesquisador Isaías Macedo, do Nipe.

A busca por novos caminhos - “Caminhamos para a era do hidrogênio, que fará parte das nossas vidas nos próximos dez anos”, prevê o engenheiro Paulo Emílio de Miranda, da UFRJ. O hidrogênio está presente, por exemplo, nas novas tecnologias desenvolvidas pela indústria automobilística para se adaptar ao mundo sem petróleo. Mas ele não deve abastecer somente os carros. No Japão, segundo Miranda, existem mais de duas mil casas aquecidas por esse tipo de energia elétrica, que não polui e pode ser obtida até da água.
O Brasil dá os primeiros passos, com o projeto de um ônibus abastecido por essa fonte renovável, desenvolvido pela UFRJ com apoio da Petrobras e da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). Os experimentos vão além dos centros urbanos. Chegam ao povoado Pico do Amor, próximo a Cuiabá (MT), que ganhou, neste ano, um gerador de eletricidade à base de hidrogênio, extraído do etanol vindo da cana. Projetado pela Unicamp, o equipamento levará luz à comunidade e fará funcionar máquinas para produzir farinha e rapadura.
“A solução não é apenas buscar alternativas, mas ter um estilo de vida mais saudável”, afirma o engenheiro químico Márcio Nele, também da UFRJ. “Não adianta usar biodiesel e dobrar o número de veículos nas ruas”, afirma, lembrando que nunca se consumiu tanta energia no mundo como nos dias atuais. Só para dar um exemplo simples: o que aconteceria se um chinês adotasse os mesmos hábitos de consumo de um americano de hoje? Esse cálculo já foi feito. Se a China tiver três carros para cada quatro habitantes, como ocorre nos Estados Unidos, somará 1,1 bilhão de veículos, mais do que existe hoje em todo o planeta. O consumo de combustível, de 99 milhões de barris diários, também superaria o consumo global atual, segundo previsão de Lester Brown, presidente do Instituto de Política da Terra, organização internacional sediada em Washington, nos Estados Unidos. Para ele, chegou a hora de mudar os padrões econômicos da civilização. “O mundo precisa urgente de um plano B”, afirma. Se, aos poucos, se esforça para diminuir a dependência do petróleo, também precisa aprender a usá-lo de forma mais racional.

* Texto baseado em informações da reportagem “É possível viver sem petróleo?”, Revista Horizonte Geográfico, número 115. Texto de Sérgio Adeodato.
Postado por pedrita às 07:30 0 comentários